Newsletter

Como conciliar agilidade na desospitalização com segurança do paciente? Que instrumento usar para avaliar as necessidades do paciente elegível para atenção domiciliar? Em se tratando de desospitalização, todo paciente é igual?

A programação do 2º Evento de Educação Continuada NEAD foi norteada visando responder a essas e outras perguntas e, para tanto, a comissão organizadora convidou experientes especialistas para compor as mesas redondas e conferências, que foram distribuídas pelos períodos da manhã e tarde do último dia 9 de novembro.

Em tempos de judicialização crescente na Saúde, o evento foi aberto com a mesa sobre Direitos e Deveres da Família e do Paciente, que foi presidida pelo Dr. Sergio Candio, diretor do NEAD e vice-presidente do SINESAD, trazendo apresentações sob as óticas jurídica, da operadora de planos de saúde e da empresa de atenção domiciliar.

Ari Bolonhezi, Viviane Mathias, André Kauffman
e Sergio Candio.Convidado para falar sobre “O Paciente como Consumidor”, o Dr. André Gustavo Salvador Kauffman, que é advogado, situou a plateia sobre o tamanho atual do problema e o home care sob a ótica do Tribunal de Justiça de São Paulo. Como forma de reduzir os litígios com o paciente/consumidor, ressaltou a importância da informação e elencou condutas recomendáveis. “Informação é direito básico do consumidor e dever de toda empresa, ainda mais quando a prestação de serviço é tão especializada, como no ambiente médico”, destacou.

Na sequência, reiterando que informação é fundamental e que o segurado deve ser informado sobre autorizações e recusas, assim como tem direito a informações sobre seu plano terapêutico, a Sra. Viviane Mathias, gerente de Assistência Domiciliar, Junta e Serviços Médicos da SulAmérica, abordou o tema “Necessidades e Restrições: a Visão da Operadora de Planos de Saúde”. Além de tópicos como tempo de implantação, impasses entre o que foi autorizado e o pleito da família, sustentabilidade versus utilização de recursos, citou a falta de regulamentação e a dificuldade dos juízes em julgar sobre o tema como desafios do setor. “Assistência domiciliar não tem cobertura contratual em nenhum dos produtos comercializados e não consta do rol da ANS. Portanto, é uma liberalidade da operadora”, lembrou.

Finalizando a primeira mesa-redonda e antes de abrir para perguntas da audiência, a apresentação “Agilidade na Desospitalização e Segurança do Paciente: o desafio da empresa de Atenção Domiciliar” foi proferida pelo presidente do SINESAD e diretor do NEAD, Dr. Ari Bolonhezi. “A atenção domiciliar na saúde suplementar foi concebida considerando os conceitos de gestão, qualidade e segurança, mas existem riscos a considerar”, reiterou, destacando o que a experiência atual mostra, tanto em segurança do paciente, quanto em home care e citando os pontos de atenção quando da agilidade na desospitalização.

Conferências

Luciano Rodrigues Oliveira“A Desospitalização como uma Iniciativa do Hospital” foi o tema da exposição do enfermeiro Luciano Rodrigues de Oliveira, que é responsável pelo setor no Hospital Sírio-Libanês. Além de apresentar práticas assistenciais, escore de risco para internações prolongadas, instrumentos e orientações para o pedido de home care, o palestrante mostrou indicadores de desospitalização e deixou pontos para reflexão. “A atenção domiciliar prevê um conjunto de ações, como educação, prevenção, recuperação, manutenção da saúde e comunicação interdisciplinar e, como tal, necessita de gerenciamento”, alertou.

Luís Cláudio Marrochi, presidente do NEAD.Complementando as informações com um tema bastante aguardado pelos participantes, o presidente do NEAD, Dr. Luís Cláudio Marrochi, apresentou as “Melhores Práticas na Solicitação Médica de Atenção Domiciliar”. Para reafirmar a importância da gestão, falar sobre como o médico deve solicitar o home care e quais são os elementos principais a ela relacionados, demonstrou que, trabalhando adequadamente, a alta evita custos e avaliou: “O médico é muito importante na cadeia de valor, mas, se não age com sabedoria, não ajuda na gestão e eleva os custos do processo”.

Ana Michela Lista Merchan

As “Diferentes Alternativas de Desospitalização: Atenção Domiciliar e Hospital de Retaguarda” foram abordadas pela Sra. Ana Michela Lista Merchan, que é gestora de Medicina Preventiva da Omint e abriu a programação do período da tarde. Além do modelo de desospitalização da operadora, como e quando são definidos os tipos de cuidado, ela apresentou dados de associados nas duas situações, níveis de satisfação deles e dos médicos da rede credenciada e, ainda, os valores acumulados ao longo dos últimos três anos. “O sucesso consiste na desospitalização segura, na relação e comunicação com os parceiros, principalmente porque nossos programas contemplam as diversas fases da vida”, informou.

Coroando a abrangência de mais um evento do NEAD e a representatividade de todos os elos da cadeia da Atenção Domiciliar, o serviço público também foi inserido na programação, com a conferência “A Realidade da Desospitalização no SUS”, proferida pela Dra. Mariana Borges Dias, coordenadora geral do Programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde.

Ciente das diferenças e também dos pontos e objetivos comuns entre os setores público e privado, expos justificativas para promover a desospitalização e reafirmou a necessidade crescente de atenção domiciliar no Brasil e no mundo.Mariana Borges Dias Mais do que isso, explicou a finalidade da desospitalização seguida de atenção domiciliar no SUS e como é operacionalizada, mostrou dados do Programa e falou sobre as principais dificuldades. “A desospitalização e o cuidado domiciliar são opções relevantes para pessoas que necessitam de terapias de suporte à vida por períodos prolongados. Os mais importantes aspectos de uma desospitalização bem sucedida pelo nosso serviço são a suficiência do cuidador e da família aliada à retaguarda efetiva em rede, para garantia da segurança do paciente, da família e da equipe”, concluiu a Dra. Mariana.

Na sequência, um dos momentos mais aguardados do evento: o lançamento do Novo Escore de Avaliação NEAD, que pode ser conferido em matéria também nesta edição.